09 março 2012

De boas intenções o inferno está cheio

Todo mundo que me conhece bem sabe que eu adoro o seriado "Friends", que mesmo antigo e mesmo que eu tenha assistido mais de 10 vezes os mesmos episódios, ainda me faz rir.

Em um episódio dois dos personagens - Phoebe e Joey - estão discutindo sobre boas ações. Joey afirma que não existem boas ações altruístas, pois mesmo se a pessoa tem a intenção de ajudar alguém ou alguma coisa, ela está na verdade fazendo isso para si mesma, para que possa se sentir bem com essa boa ação.


Vídeo do episódio de "Friends"

Como o seriado é uma comédia, na hora eu não fui a fundo no pensamento. Um dia depois fui à Berlim para providenciar certos documentos, e enquanto esperava o trem na estação para voltar para casa, resolvi comprar balinhas em forma de coração para o meu noivo. Quando cheguei em casa entreguei as balinhas para ele, esperando milhões de "obrigada!" e "você é um amor!", que foram de fato ditos.

Porém, quando ouvi essas palavras fiquei orgulhosa, e o pensamento de "Friends" voltou. Eu sabia quando comprei as balas que receberia elogios por isso. Eu sabia que seria "bonitinho" comprar balas em forma de coração. Eu sabia que ele pensaria "nossa, mesmo com um dia cansativo ela ainda lembrou de mim". Eu pensei em todas essas possibilidades, mas em momento nenhum eu pensei que ficaria feliz mesmo não recebendo nenhuma resposta.

Fui obrigada a concordar que não existem boas ações que não sejam egoístas. Aí com certeza alguém vai dizer: "Mas e as pessoas que fazem caridade?" e a minha resposta é: mesmo sem nenhum retorno financeiro, eu duvido que alguma pessoa se sinta mal fazendo o bem, e logo, está caindo novamente no egoísmo. Acredito que desse pensamento foi formulado o ditado "De boas intenções o inferno está cheio".

Não, eu não estou dizendo que ninguém mais deveria praticar boas ações, o que eu estou dizendo é que deveríamos nos concentrar na ação em si, e não no retorno que ela pode trazer. Mesmo sendo ambiciosos, devemos lembrar que não somos caçadores de recompensas e às vezes precisamos nos contentar com o que merecemos ganhar - mesmo que seja o silêncio -, e não com o que esperávamos receber.

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