Era
sempre a mesma discussão: “Chinelo? Sério Milena, vai colocar
outra coisa, chinelos são tão antigos! Principalmente esses, era
pra serem brancos, não bege.”
Essa era
minha mãe, aprovando as roupas que eu estava usando, mas sempre com
o discurso anti-chinelo. Bem, não é culpa dela ela se preocupar
tanto com isso, já que estávamos no Brasil.
Eu
li online (só eu que ainda acho ruim ler online?) semana passada
sobre uma jovem atriz brasileira que foi para Londres e decidiu mudar
sua carreira para moda, cansada de atuar exclusivamente em novelas
dirigidas por ninguém mais além de seu pai.
A
moça disse algo que fez todas as mulheres brasileiras que leram o
artigo a odiarem de morte: ela disse que as brasileiras tem muita à
aprender sobre moda com Londres, que nós (brasileiras) somos muito
apegadas ao que “está na moda” e esquecemos que podemos vestir o
que gostamos, e não somente o que as semanas de moda nos mostram.
Podem
me matar ou me chamar de “a menina que foi morar em outro país e
agora pensa que é melhor que a gente”, como todos nos comentários
do artigo estavam chamando a moça, mas a verdade é que ela está
coberta de razão.
Permanecendo
no Brasil por quase dois meses, eu não conseguia aceitar o cenário
da moda na minha cidade. Todas as vitrines pareciam cópias umas das
outras e as roupas eram tão caras quanto pagamento de dois meses de
aluguel. E não, eu não estou falando de couture ou boutiques de
alta moda, mas sim de lojinhas locais com roupas de tecido
regular-à-ruim.
Eu
fiquei completamente chocada quando percebi que as mulheres aturam
essa fantasia “somos quase Dior” e compram peças acreditando que
é normal comprar uma camiseta e pagar em “12 vezes com somente 5%
de juros”.
A
única razão pela qual isso acontece é devido à um desentendimento
cultural: você tem que seguir a moda, você tem que vestir todas as
tendências, você tem que trabalhar um ano para pagar uma camiseta
porque ela tem spikes, e vamos dizer a verdade, spikes estão
totalmente na moda.
Se
você não fizer todos esses loucos “tem que” da moda, você é
obsoleta, caipira ou tudo que estiver no meio. Para não dizer que
você não é rica, porque caso fosse, tudo que está no seu corpo
deveria estar também em uma vitrine. Mas adivinha? Quando todo mundo
compra as mesmas roupas “desta estação”, todo mundo paga demais
e acaba parecendo que está de uniforme.
Talvez
eu esteja exagerando, e não esqueça que eu também sou uma grande
fã de moda – é só fazer um tour pelo blog para perceber isso -,
mas no meio de tanta pressão para ficar na moda, o senso de estilo
está definitivamente sendo esquecido. Lembre-se da sabedoria de
Chanel, um dos maiores símbolos
da moda de todos os tempos: “A moda é passageira, o estilo
permanece.”
Tenha
certeza de que está sendo verdadeira à si mesma em seu estilo, de
que você não está pagando um absurdo por algo desnecessário e
sobre tudo, de que as vezes você pode esquecer a opinião alheia e
simplesmente deixar seus chinelos velhos nos pés.
Alessandra Ambrosio, brasileira, estilosa de Hermès e Havaianas. Fonte: Pure Trend
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It
was always the same discussion: "Flip flops? Really Milena, go put
something else, flip flops are so old! Especially these ones, they
were supposed to be white, not beige”.
That was my mom, approving the
clothes I was wearing, but always with the anti-flip flops speech.
Well, it’s not her fault that she’s so worried about it, we were
indeed in Brazil.
I
read online (is it just me that still struggles with online reading?)
last week about this Brazilian young actress that went to London and
decided to change her career to fashion, tired of acting exclusively
in soap operas directed by no one else but her father.
The
girl said something that made every single Brazilian women that read
the article hate her to death: she said that Brazilians have a lot to
learn about fashion from London, that we (Brazilians) are too
attached to “what is in” and forget that we can dress up what we
like, not what fashion week tell us to.
Kill
me now, or call me “the girl that went to live in another country
and now thinks is better than us”, like everyone in the article’s
comments was calling the girl, but truth is, she’s completely
right.
Being
in Brazil for almost two months, I could not accept the fashion
scenery in my city. Every window looked like a copy from the one
before, and clothes could be as expansive as a two months’ rent
payment. No, those were not couture or high fashion boutiques, they
were just local stores with regular-to-bad quality fabric.
I
was completely shocked to realize that women actually keep up with
this “we are almost Dior” fantasy and bought the pieces believing
that it is normal to buy a t-shirt and pay it in “12 installments
with only 5% interest”.
The
only reason why this happens is because of a weird cultural
misunderstanding: you must follow the fashion, you must wear all the
trends, you must work a year to pay for a t-shirt because it has
spikes on it and let’s face it, spikes are totally in.
If
you don’t do all these crazy fashion musts, you’re obsolete,
redneck or everything in between. Not to say that you probably don’t
have a wealthy life, otherwise everything in your body would have to
be in a window shop. But guess what? When everybody buys the same
“this season” clothes, everyone pays too much and end up looking
like in a uniform.
Maybe
I am exaggerating, and not to forget that I am too, a big fashion fan
– it’s just taking a tour in the blog to realize that - but in
the middle of all this fashion pressure, the sense of style is being
certainly forgotten. Remember the wisdom of Chanel, one of the
greatest fashion icons of all times: “Fashion changes, but style
endures.”
Make
sure that you’re still truth to yourself on your style. That you’re
not overpaying for something unnecessary. And above all, that
sometimes you can forget about others’ opinion, and just leave your
old flip flops on.
Milena
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